sexta-feira, 26 de março de 2010

Relatando experiência - com Marcela Santos - Arquiteta



Tenho 25 e ou formada em Arquitetura e Urbanismo, e há um ano e meio, moro nos Estados Unidos, onde faço Mestrado em Arquitetura na Ohio State University. Essa experiência tem sido uma lição de vida em muitos aspectos, um deles a organização pessoal.

Sempre fui bagunceira. Tenho uma coleção de objetos da Coca-cola que toma conta do meu quarto. Guardo cada cartão, carta ou bilhete que já   recebi, e tenho uma caixa com todos os meus documentos vencidos dentro (não servem pra nada). Sempre tive dificuldade em largar de mão minhas roupas e sapatos, mesmo os que nunca usava.
Com uma mudança de vida desse gênero – mudar para outro país – muitos desses conceitos precisam ser revistos. De repente, me vi tendo que selecionar, de um quarto e closet inteiros, apenas 2 malas com roupas e objetos pessoais. Mas continuei deixando tudo de valor sentimental aqui no Brasil, guardado no meu closet. Quando venho, aos poucos vou limpando e jogando fora, mas muita coisa nunca sera eliminada inteiramente e vai continuar lá. A minha coleção de coca-cola, não tem utilidade nenhuma, mas vai permanecer lá porque ela é um retrato de um periodo inteiro da minha vida. Sem dúvidas, sou uma daquelas pessoas que meus colegas de profissão tem dificuldades em lidar – a pessoa que tem muita coisa acumulada e não quer se livrar.
A solução para o meu caso é a forma de armazenagem. Comecei a organizar meus papeis e cartas em caixas de papelão mesmo, e guardá-las fora da vista. As caixas mudam a escala da bagunça. O que antes são objetos e papeis de tamanhos, cores e texturas diferentes, que compõem o que os americanos chamam de “clutter”, passam a ser objetos de tamanho e cor uniforme, repetidos ou empilhados, o que é mais atraente para os olhos. Claro que muitas caixas viram clutter também, então é importante diminuir a quantidade de coisas armazenadas para o mínimo possível.
E o que fazer com as coleções, como a minha? Não adianta, não jogo fora de jeito nenhum. Se ela for uma coleção bonita (e as opiniões são subjetivas), pode ser expostas, mas em qualquer caso, precisa ser acomodada. O ideal é escolher os itens mais bonitos da coleçao e agrupá-los por cor, tamanho ou estilo para exposição. Os demais podem ser armazenados em armários com portas, para que não atrapalhem a harmonia do projeto arquitetônico.
Agora, morando fora, eu procuro não acumular objetos (pois sempre tenho em mente que estou morando lá temporariamente, então o que eu tiver lá, vou ter que trazer de volta). Tenho containers de plastico separados para armazenar bolsas e biquinis, por exemplo. Tenho caixas de documentos escolares e pessoais com nome na frente dentro de um closet, para poder achar facilmente. Procuro não deixar nada exposto para evitar o clutter, mas é uma batalha diária, que requer muita disciplina e organização. E atualmente, comecei a perceber que já estou enchendo a minha casa lá, um apartamento de um quarto, com fotografias. Mas esse clutter eu não me importo. Adoro ver a carinha das pessoas e cachorros que amo e que estão longe de mim nas minhas paredes.
Com a entrada de Cada coisa em seu lugar no mercado, e diretamente em minha vida, estou pegando conselhos em tempo real de como lidar com a minha bagunça e aproveito meus privilégios de filha. Quando a Gina (minha mãe) foi me visitar, já usei e abusei dos serviços dela pra organizar meu closet e cozinha. E estou procurando manter um certo nível de organização.
Meu maior problema, atualmente, é a cozinha, pois sou nova nessa área. Só comecei a usar a cozinha desde que me mudei pra lá então só agora estou tendo que aprender onde vai cada coisa. Preciso de ajuda profissional para colocar “cada coisa em seu lugar”. O trocadilho foi de propósito J.