sábado, 21 de agosto de 2010

Guliliba, Missessá e Vara

Não havia computador ou vídeo-game, naquele tempo.
As famílias costumavam se reunir em suas salas para conversar e assistir televisão, ainda em preto-e-branco, enquanto as crianças sentavam ao chão para brincar com bonecas, cortar roupinhas de papel, fazer lanchinhos com seus joguinhos de chá de plástico, todos rebordados.
Mas Joaninha, aos 5 anos de idade, magrinha, lindo rostinho de porcelana, traços finos e delicados, elegeu seu brinquedo preferido: o liquidificador. Nem era porque queria fazer alguma guloseima para beliscar, até porque nunca foi muito afeita a comida, mas porque o liquidificador tinha um fio, que usava como se fosse seu telefone, de onde costumava ligar para seus amigos imaginários, o Guliliba, a Missessá e a Vara... Isso mesmo, os nomes que aquela garotinha inventou, para os amigos também inventados.
Eram horas pendurada naquele fio encostado junto ao ouvido, conversando frases sem o menor sentido, travando algumas discussões, muitas vezes gargalhando, num mundo fantasiado, mas que tornava aquela garotinha cheia de muita imaginação. Aquela era a sua realidade.
Joaninha estava sempre muito preocupada com os "amigos". Uma verdadeira amiga.
Mas era só na imaginação que aquilo existia.
Joaninha sente saudades daquela época.
Não sei se é uma pena ou se é muito bom os eletrônicos terem invadido a vida das crianças dessa maneira.
Que bom seria se pudessemos ainda sentar em volta da televisão para conversar, e ver as crianças brincando.
Saudosismo? Não sei, mas que era muito bom, ah, isso era!


sábado, 14 de agosto de 2010

Sensibilidade

Outro dia recebi um elogio de uma amiga, (coisa muito rara uma mulher receber um elogio de outra mulher), em que ela disse que gostou da forma como eu escrevia, e que havia sensibilidade nos textos postados.
Sensibilidade talvez seja um sentimento em falta nos tempos atuais, onde as pessoas são extremamente egoístas, e parece que insensíveis a tudo e a todos ao seu redor.
A sensibilidade deveria existir em todos os processos humanos, inclusive desde quando pais geram um filho, pois a partir daí a vida recomeça, muitas vezes alterando toda a concepção que temos dela.
Vemos pais abandonarem as mulheres, após saberem-nas gestantes.
Mães, que abortam seus filhos, que os abandonam, que mesmo estando ao seu lado, pouco estão ligando para o que está acontecendo embaixo do próprio nariz.
Sensibilidade é amar, é ver beleza na paisagem, é ver o sol e a luz com olhos apaixonados.
Sensibilidade é agradecer a D'us por cada momento vivido, pela saúde gozada, pelo conforto obtido, pela casa, pela comida, pela família constituída.
Sensibilidade é perceber que nem todos puderam ter o que você tem, e que você pode fazer a sua parte, nem que seja com alguém bem próximo de você, ajudando de alguma forma.
Sensibilidade é ficar feliz se alguém melhorou na vida, e torcer para que o sucesso seja duradouro.
Sensível é aquele cuja inveja está fora de seus mais profundos interesses.
Sensibilidade é quando se consegue, num piscar de olhos, perceber o problema de um familiar, de um amigo querido e se prontifica a ajudar a resolver. De ver o colega de trabalho sobrecarregado, e oferecer-se para ajudar. É ver um filho com dificuldades no dever de casa, e estudar o assunto para tirar suas dúvidas.
Dizem que a sensibilidade é a característica mais forte da mulher. E que os homens que as possuem, é porque tem a alma feminina.
A mulher a trouxe consigo desde sua criação. Porque geraria filhos, e porque teria que passar a eles bons sentimentos. E protegê-los das coisas e pessoas más.
Quem é a pessoa que conhecemos que mais pratica a sensibilidade? Nossas mães. Que tem um sexto sentido. Que sabem tudo. Que parecem ser o dom de prever tudo. Quando ela diz: filho, leve o casado que vai fazer frio, justo naquele dia o tempo muda.
E quando ela simplesmente não vai com a cara daquele seu amigo, que teima em não querer falar olhando nos olhos, que parece que está sempre desviando de conversar com ela. Ah!!! Não tem erro... esse amigo é um problema. E ela já sabia disso!! Como uma vidente. Ela pressentiu. É a sensibilidade feminina.
Mulheres sensíveis expressam alegria, espalham poesia, exalam a alegria de viver.
Sensíveis também são os animais, que são fiéis, mesmo quando maltratados. Eles estão sempre ao seu lado, rindo e chorando com você!
Quem dera todos fossem assim!!
O mundo seria muito melhor.
Obrigada, amiga!!